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O storytelling pode fortalecer ou arruinar sua identidade visual.

No universo do branding, não basta ter um design impecável se ele não estiver atrelado a um conceito forte e verdadeiro. A aparência por si só não sustenta uma marca no longo prazo. Um símbolo, uma identidade visual ou até mesmo um produto podem ser visualmente atraentes, mas sem um propósito genuíno e um storytelling bem construído, a marca corre o risco de ser vista como artificial ou oportunista.

Isso nos leva a um ponto fundamental: o poder do storytelling. Quando bem utilizado, ele transforma marcas em experiências memoráveis, criando uma conexão profunda com o público. Mas quando mal executado—ou pior, quando é apenas uma estratégia vazia—ele pode ter o efeito oposto e destruir a reputação de uma empresa.

Storytelling: a diferença entre uma marca forte e uma fraude

Toda grande marca tem uma história. Seja uma origem inspiradora, um propósito inovador ou um significado cultural, a narrativa por trás de um produto pode torná-lo mais valioso e desejado.

O problema surge quando essa história não é real. Muitas empresas constroem um storytelling forçado para dar uma sensação de autenticidade, sem que isso tenha relação com sua essência. É uma estratégia arriscada, pois, na era da informação, os consumidores estão mais atentos e questionadores do que nunca.

O caso da Diletto é um exemplo clássico disso. A marca lançou-se no mercado com a história emocionante de um sorvete inspirado na receita do avô do fundador. A identidade visual reforçava essa narrativa, transmitindo um conceito artesanal e nostálgico. No entanto, quando foi revelado que essa história era fictícia e que os produtos eram fabricados em grande escala, a credibilidade da marca foi abalada. A conexão emocional que o público tinha construído se quebrou, e o impacto na reputação da empresa foi inevitável.

Isso demonstra que um design bonito pode atrair, mas apenas a verdade sustenta uma marca.

Design não sustenta um conceito vazio

Muitos designers se concentram apenas na estética de uma marca, criando identidades visuais impressionantes sem um conceito sólido por trás. No entanto, o verdadeiro branding vai além da aparência: ele precisa comunicar valores e significados reais.

O perigo de construir um design sem essência é que ele pode até encantar no primeiro contato, mas não gera lealdade no público. O consumidor moderno busca marcas com propósito, que sejam consistentes entre o que dizem e o que fazem. Se a comunicação visual não estiver alinhada com a verdade da empresa, mais cedo ou mais tarde essa desconexão será percebida.

A estética pode surgir antes do conceito, mas nunca sem ele

Há uma ideia equivocada de que a criação de uma marca deve seguir uma ordem linear, onde primeiro se define o conceito e só depois se trabalha a estética. Na prática, isso nem sempre acontece. Muitas vezes, um designer começa explorando formas, cores e estilos antes de ter um significado claro. E isso não é um problema.

O erro está em tentar justificar um design depois de pronto com uma narrativa forçada. Se uma identidade visual foi criada sem um propósito claro, o caminho certo não é inventar uma história artificial para validá-la, mas sim buscar uma conexão genuína que fortaleça o projeto.

O público percebe quando a história não é verdadeira

Com a internet e as redes sociais, o acesso à informação nunca foi tão fácil. Se uma marca tenta enganar seu público com uma narrativa falsa, é apenas uma questão de tempo até que a verdade venha à tona.

O consumidor de hoje é crítico, compartilha opiniões e investiga o que consome. Ele valoriza marcas que demonstram coerência entre discurso e ação. Portanto, um branding autêntico não se constrói apenas com palavras bem escolhidas, mas com ações concretas que sustentam essa narrativa.

Autenticidade como estratégia de longo prazo

Construir uma marca autêntica demanda tempo e consistência. Empresas que tentam acelerar esse processo com histórias falsas podem até enganar no curto prazo, mas dificilmente sobrevivem no longo prazo.

Uma identidade visual forte deve ser reflexo do que a marca realmente é, e não um enfeite para um conceito vazio. A autenticidade é um investimento contínuo, que se constrói através de transparência, propósito e uma comunicação alinhada com a realidade do negócio.

A importância de um repertório sólido na construção de marcas

Criar marcas autênticas exige mais do que criatividade: requer um repertório amplo e bem estruturado. Muitos designers e empreendedores acreditam que basta seguir tendências ou referências visuais populares para construir uma identidade forte, mas a verdade é que um branding consistente nasce do conhecimento profundo sobre cultura, mercado e comportamento do público.

Ter um repertório sólido significa ir além do superficial. Isso envolve estudar história, arte, psicologia do consumo, semiótica e até mesmo narrativas de grandes marcas que souberam construir significados autênticos ao longo do tempo. Quanto mais referências um profissional tem, maior sua capacidade de criar algo único e relevante.

Além disso, um repertório bem construído permite identificar padrões e entender o que realmente ressoa com o público. Ele ajuda a evitar clichês e facilita a criação de marcas que não apenas seguem modas passageiras, mas que se tornam atemporais.

A tecnologia também pode ser uma aliada nesse processo. A inteligência artificial, quando bem utilizada, pode servir como um meio para expandir o repertório criativo, ajudando a encontrar conexões inusitadas, explorar novas simbologias e até analisar tendências de forma mais estratégica. No entanto, a IA não substitui o olhar crítico e a intuição humana—ela deve ser usada como uma ferramenta complementar para fortalecer a construção de marcas verdadeiramente autênticas.

A verdade sempre prevalece

No fim das contas, o que diferencia uma marca duradoura de uma que será esquecida é a verdade por trás dela. Design e comunicação são ferramentas poderosas, mas precisam estar a serviço de algo real. Um branding baseado em narrativas falsas pode até funcionar temporariamente, mas quando a inconsistência for descoberta, os danos serão difíceis de reverter.

Criar marcas autênticas não significa seguir regras fixas, mas sim garantir que cada escolha—seja estética ou conceitual—tenha um propósito verdadeiro. O consumidor não busca apenas produtos bonitos, mas sim experiências que façam sentido e tenham relevância no mundo real. E, para isso, não há atalho: é preciso construir significado, e não apenas aparência.

Júlia

Designer gráfico

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